quarta-feira, 15 de agosto de 2012



PROJETO INTERDISCIPLINAR CONSTRUINDO SABERES - 2012

EIXOS:
1º  O corpo humano e suas transformações físicas, psicossociais e químicas durante as atividades cotidianas.
2º  Cultura, cidadania e comunicação social.
3º  Globalização: causas e conseqüências (consumo e sustentabilidade).
                                                                                                     
1          APRESENTAÇÃO

Diante da importância das atividades corporais cotidianas, do contexto cultural e do consumo para a reprodução social e o desenvolvimento da vida de cada indivíduo, o Projeto Interdisciplinar Construindo Saberes, tem como objeto de estudo o ser humano do ponto de vista físico, cultural, político e econômico, englobando também os aspectos biológico, químico, sociológico, filosófico, histórico, geográfico, artístico e literário, propondo ainda a execução de atividades dentro e fora da sala de aula, além de momentos específicos para a culminância de atividades.

O tratamento interdisciplinar em relação ao objeto de estudo mencionado proporciona aos alunos o entendimento de que as Linguagens e Códigos, bem como as Ciências Biológicas, Exatas e Humanas mantém um contado produtivo e contribuem para o entendimento da relação do ser humano com o mundo a sua volta. Com isso, é possível mostrar os processos de geração, crescimento, desenvolvimento e degeneração do corpo através da Biologia. É possível ligar este processo ás reações químicas que ocorrem durantes certos eventos, como a produção de adrenalina e outros hormônios gerados pelo corpo em relação aos momentos e circunstâncias vividas. A Física não fica longe destes acontecimentos na medida em que estuda o movimento do corpo através da cinemática e da mecânica, proporcionando alternativas para o melhor rendimento das atividades, visto que considera o estudo de elementos como o atrito e a força gravitacional. Para a Sociologia e a Filosofia, este corpo é visto sob várias perspectivas: corpo explorado pelo trabalho, corpo esculpido pela atividade física planejada e corpo como produtor de símbolos, movimentos e costumes, ou seja, como produtor de cultura e comunicação. Além disso, este corpo carrega consigo um processo histórico que o coloca sob diversas formas: corpo escravizado e trabalhado (Antiguidade Clássica), corpo reprimido (Período Medieval), corpo “emancipado” e detentor de direitos enquanto forma concreta de um sujeito (Período Moderno) e corpo atual, (modelável e fluido através das redes sociais). Este corpo é geograficamente localizado, focalizado em relação a sua identificação com os outros corpos e sua interação com o meio ambiente, dentro de um processo em que este modifica o cenário e ao mesmo tempo sofre modificações em si mesmo. No entanto, ele é capaz de romper através do uso da tecnologia as noções de tempo e lugar, se conectando de maneira instantânea e global, vivenciando através de um computador, diversas experiências culturais e de consumo. Cabe lembrar que o corpo foi também retratado pela arte, acompanhando tendências que vão desde o corpo nu, em sua forma e exuberância, ao corpo coberto; do corpo generoso nas formas ao corpo magro e definido nas formas; do corpo com pinturas e enfeites ao corpo sem adereços. Contudo, temos ainda o corpo retratado pela literatura, através dos relatos dos cronistas viajantes; através do barroco com sua forte oposição entre bem e mal; do romantismo com suas ideologias e do realismo com seu psicologismo, além das formas literárias modernas que veem o corpo em suas particularidades regionais e suas formas diversas.

Todo este caminho foi feito para que se cumpra justamente o objetivo de mostrar dentro do rol de disciplinas que compõem o currículo indicado para os alunos do Ensino Fundamental e Médio, que o ser humano pode ser estudado enquanto corpo que consome e está conectado com o mundo e a sociedade, agindo também como portador de uma cultura e visão política. Cabe aqui o esclarecimento de que os conteúdos serão contextualizados na medida em que os temas aparecem como passíveis de conexão com a realidade dos alunos sem maiores problemas. Neste sentido, é evidente a contribuição das diversas disciplinas mencionadas no que tange à compreensão das práticas sociais cotidianas e a preparação básica para o trabalho, ou ainda, para o desenvolvimento de uma sensibilidade para com a vida, o que deve ser prática consciente de um cidadão responsável. Este ponto é ratificado pela LDB, que em seus artigos 32 e 36, estabelece que o Ensino Fundamental, obrigatório e com duração de 9 anos, deve ser gratuito na escola pública e terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: “o desenvolvimento da capacidade de aprender por meio da leitura, da escrita e do cálculo; da compreensão do ambiente natural e social; da aquisição de habilidades e valores, e do fortalecimento dos vínculos com a família e os laços de solidariedade humana e tolerância recíproca”. Posteriormente, no Ensino Médio, o educando deve demonstrar maior aprofundamento e domínio dos conhecimentos necessários ao exercício da cidadania em todos os seus aspectos, aperfeiçoando o que foi obtido no Ensino Fundamental e acrescentando a sua experiência educacional as novas disciplinas que aparecerem. Também a Resolução MEC/CNE nº 3/98, em seu artigo 10, inciso i, parágrafo 2º, diz que “as propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento interdisciplinar e contextualizado necessários ao exercício da cidadania”; por fim, podemos acrescentar ainda os PCNs (Ensino Médio, volume 4, na página 11) salientando que “o objetivo foi afirmar que os conhecimentos das disciplinas são indispensáveis à formação básica do cidadão, seja no que diz respeito aos principais conceitos e métodos com que operam, seja no que diz respeito a situações concretas do cotidiano social”.

Deste modo fica clara a importância do projeto e sua pertinência enquanto meio para estabelecer uma relação de ensino/aprendizagem contextualizada, produtiva e capaz de promover uma consciência cidadã sobre a importância do ser humano em todos os seus aspectos, além de integrar por meio de atividades dentro e fora da sala de aula a realidade do aluno com os métodos, conceitos, regras e teorias de cada ciência.

2          OBJETIVOS

Geral:

Desenvolver de forma interdisciplinar estudos sobre o ser humano, tendo como referência as atividades físicas cotidianas, as formas de comunicação e produção cultural, bem como os processos de formação da consciência política e da responsabilidade com o meio ambiente.

Específicos:

a)      Promover o estudo do ser humano por meio da integração entre as ciências;
b)     estudar o processo biológico de formação e desenvolvimento do corpo;
c)      estudar as reações químicas produzidas pelo corpo em relação às ações efetuadas;
d)     estudar através da cinemática e da mecânica o papel da Física na vida das pessoas; 
e)      estudar os temas do trabalho, da cultura-política e do consumo na Sociologia;
f)      estudar os temas da estética, do espaço público e da ação comunicativa na Filosofia;
g)     estudar a história humana e sua relação com a cultura, a política e a natureza; 
h)     estudar a relação entre ambiente, território e identidade cultural na Geografia;
i)       estudar as formas de expressão do corpo pela arte incluindo a linguagem corporal; 
j)       estudar a relação entre linguagem, estilo literário e realidade social;
k)     estudar a importância das atividades físicas para o bem estar do indivíduo;
l)       estudar as contribuições da matemática para cotidiano das pessoas. 

3         JUSTIFICATIVA

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - Parecer CEB/CNB nº. 15/98, instituídas pela Resolução MEC/CNE nº. 4/98, entre outras disposições, determinam que os currículos devem se organizar em áreas. Neste sentido, “a base nacional comum dos currículos será organizada em áreas de conhecimento”, estruturadas pelos princípios pedagógicos da interdisciplinaridade, da contextualização, da identidade, da diversidade e da autonomia, redefinindo, de modo radical, a forma como têm sido realizadas a seleção, a organização de conteúdos e a definição de metodologias. Cabe salientar que os documentos mencionados acima orientam as ações tanto para o ensino fundamental como para o ensino médio. Desta forma, o Projeto Interdisciplinar Construindo Saberes visa contribuir para a consolidação deste principio pedagógico, buscando novas estratégias para o desenvolvimento da relação ensino/aprendizagem nos ambientes internos e externos a escola.

As áreas curriculares: Linguagens e Códigos e suas tecnologias, Ciências da Natureza e Matemática e suas tecnologias e Ciências Humanas, Filosofia e suas tecnologias serão trabalhadas neste projeto tendo como parâmetro um eixo articulador, a saber, a interdisciplinaridade. Para melhor compreensão desta é preciso entender que as disciplinas escolares resultam de recortes e seleções arbitrários, historicamente constituídos, expressões de interesses e relações de poder que ressaltam ou ocultam conflitos entre os saberes. Por esse motivo um projeto que visa o desenvolvimento das conexões entre as disciplinas escolares deve ser visto com bons e atentos olhos, na medida em que atribui para si a tentativa de romper com a separação arbitrária das ciências ao mesmo tempo em que se responsabiliza pelas conexões feitas, buscando assim aprofundar o conhecimento em relação aos eixos temáticos a serem trabalhados no decorrer do ano de 2012. E mais: alguns campos de saber são privilegiados pelo senso comum em sua representação, como disciplinas escolares com “maior” importância. Historicamente, sua valorização vem do argumento de que estas se mostram mais úteis para resolver os problemas do dia a dia, posicionamento que não leva em conta que a forma de abordagem das disciplinas num currículo escolar é em si mesma, indicadora de uma função pedagógica, propiciando ao aluno a construção de um conhecimento significativo, quanto à compreensão dos fenômenos naturais, sociais e culturais. O desenvolvimento das ciências e os avanços da tecnologia, no século XX, constataram que o sujeito pesquisador, orientado pelas contribuições dos diversos saberes, interfere melhor no objeto pesquisado, sabendo que não há neutralidade no conhecimento e que a consciência da realidade se constrói num processo de interpenetração dos diferentes campos do saber.

Ao sistematizar o ensino, os currículos escolares não anulam a fragmentação dos saberes o que provoca em muitos alunos a sensação de que não existe colaboração entre as disciplinas escolares. É importante deixar claro que ao adotar a interdisciplinaridade como metodologia no desenvolvimento deste projeto, não estamos fazendo apologia ao abandono das disciplinas, nem supondo para o professor uma “pluri-especialização”, bem difícil de se imaginar, além de resultar em numa possível superficialidade. O que propomos é uma maior consciência da realidade, fazendo com que esta possa ser vista, entendida e descrita por meio da confrontação de diversos olhares, que são plurais na observação das situações de aprendizagem. Daí a necessidade de um trabalho em equipe realmente pluridisciplinar.

Além disso, a contextualização, outro princípio pedagógico que rege a articulação das disciplinas escolares, não deve ser entendida como uma proposta redutora do processo ensino/aprendizagem, circunscrevendo-o ao que está no redor imediato do aluno, suas experiências e vivências. Um trabalho contextualizado parte do saber dos alunos, vistos como sujeitos reflexivos, para desenvolver assim competências que venham a ampliar este saber particular, formando um saber que situe os alunos num campo mais amplo de conhecimentos, de modo que possam efetivamente se integrar na sociedade, atuando, interagindo e interferindo sobre ela.

Esses pressupostos justificam e esclarecem a opção por um projeto interdisciplinar, que congrega as disciplinas escolares, tornando-as capazes, portanto, de estabelecer entre si um diálogo produtivo do ponto de vista do trabalho pedagógico.

4          METODOLOGIA

Os aspectos metodológicos que envolvem este projeto foram divididos em duas partes. A primeira parte diz respeito à forma como os professores coordenadores de turma colocarão em operação a conexão entre os eixos temáticos do projeto e o conteúdo de suas disciplinas, isso na forma de atividades dentro e fora da sala de aula. Em relação a este ponto, sugerimos os seguintes passos:

a)  Divulgação do projeto para os alunos observando a adequação dos conteúdos de cada nível educacional e ano, dentro dos eixos temáticos;
b)  Definição das atividades que podem ser feitas dentro e fora da sala de aula com referência ao eixo temático, na forma de preparação para a sua culminância;
c)  Uso de materiais para a construção de painéis, banners e cartazes, apresentações em Power Point, exibição documentários, fotos, coleta de dados e pesquisas de campo feitas pelos alunos, além de peças teatrais, recitais, danças e demais atividades corporais e culturais que desenvolvam os eixos temáticos;
d)  Trabalhar para que os eixos temáticos não fiquem absolutamente isolados, sendo abordados única e exclusivamente em seu tempo próprio;
e) Divulgar em forma de apresentação o resultado daquilo que foi trabalhado dentro do eixo temático, ou mesmo apresentar algo específico para o momento da culminância.

A segunda parte da metodologia diz respeito á culminância dos eixos trabalhados, ou seja, de como será feita a apresentação do que foi produzido. Coloca-se aqui um espaço para que cada ciência dentro da sua área e respeitando o eixo temático sem isolá-lo, desenvolva explorando suas particularidades e seus próprios métodos os temas propostos. Caberá por sua vez a escola ou equipe de desenvolvimento do projeto, estabelecer o critério de apresentação das atividades (por nível de ensino e ano), tendo o cuidado de contemplar com igualdade de tempo as apresentações, abrindo exceção para os casos específicos. Salientamos ainda que a execução do projeto e conseqüentemente sua culminância dependem da participação conjunta entre alunos e professores. Com isso abre-se a oportunidade para o desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem que extrapola o contato fechado na sala e abre possibilidades para interações entre a comunidade escolar e o meio social.

 5         AVALIAÇÃO

Os alunos serão avaliados através de uma ficha de acompanhamento que ficará sob a responsabilidade de cada professor coordenador de turma. Esta ficha contém os critérios de pontuação referentes à avaliação das atividades. Segue abaixo a lista de critérios da  ficha de acompanhamento:

1º.    Assiduidade
2º.    Participação
3º.    Criatividade
4º.    Comportamento
5º.    Produção do conhecimento

Abaixo temos o quadro de pontuação geral, por critério e a definição das premiações:

Eixos
Pontuação geral
Pontuação máxima   por critério
Premiações
De 0 a 10,0
2,0
Ao final do ano letivo as turmas que apresentarem os melhores rendimentos de acordo com as 3 melhores médias terão como premiação a entrega de placas para os alunos além de um passeio.
De 0 a 7,5
1,5
De 0 a 7,5
1,5
Obs. Caso nenhuma equipe consiga alcançar os 10,00 na média, considera-se como referência a média mais alta.

6          CRONOGRAMA

Cada eixo terá seu período de duração que compreende os debates e atividades com a turma e uma data específica para a culminância, conforme o quadro abaixo:

Eixo
Período de duração
Data da culminância
De 02/05 a 14/07/2012
14/07/2012
De 15/07 a 10/11/2012
10/11/2012
De 11/11 a 19/01/2013
19/01/2013

            Além disso, cada um dos eixos terá um período de dois dias para a preparação e o desenvolvimento da culminância, seguindo a seguinte ordem:

1º dia - Arrumação da escola e das salas
2º dia - Exposição do que foi trabalhado em sala e apresentações.

Na sexta-feira.

No sábado (das 08:00 ás 16:00)

REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei 9.394, de 24 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília: DF, 1996.

_______. MEC. CNE/CEB. Resolução nº 3, de 26 de junho de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino médio. Brasília: DF, 1998.

_______. MEC. CNE/CEB. Resolução nº 4, de 29 de janeiro de 1998. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino fundamental. Brasília: DF, 1998.

_______. MEC. CNE/CEB. Resolução nº 15, de 01 de junho de 1998. Propostas de regulamentação da base curricular nacional e de organização do ensino médio. Brasília: DF, 1998.

_______. MEC. SEF. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília: DF, 1997.

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