PROJETO INTERDISCIPLINAR CONSTRUINDO
SABERES - 2012
EIXOS:
1º O corpo humano e suas transformações físicas,
psicossociais e químicas durante as atividades cotidianas.
2º Cultura, cidadania e comunicação social.
3º Globalização: causas e conseqüências (consumo e
sustentabilidade).
1 APRESENTAÇÃO
Diante da importância das atividades corporais cotidianas, do contexto
cultural e do consumo para a reprodução social e o desenvolvimento da vida de
cada indivíduo, o Projeto Interdisciplinar Construindo Saberes, tem
como objeto de estudo o ser humano do ponto de vista físico, cultural, político
e econômico, englobando também os aspectos biológico, químico, sociológico,
filosófico, histórico, geográfico, artístico e literário, propondo ainda a
execução de atividades dentro e fora da sala de aula, além de momentos
específicos para a culminância de atividades.
O tratamento interdisciplinar em relação ao objeto de estudo mencionado
proporciona aos alunos o entendimento de que as Linguagens e Códigos, bem como
as Ciências Biológicas, Exatas e Humanas mantém um contado produtivo e
contribuem para o entendimento da relação do ser humano com o mundo a sua
volta. Com isso, é possível mostrar os processos de geração, crescimento,
desenvolvimento e degeneração do corpo através da Biologia. É possível ligar
este processo ás reações químicas que ocorrem durantes certos eventos, como a
produção de adrenalina e outros hormônios gerados pelo corpo em relação aos
momentos e circunstâncias vividas. A Física não fica longe destes
acontecimentos na medida em que estuda o movimento do corpo através da
cinemática e da mecânica, proporcionando alternativas para o melhor rendimento
das atividades, visto que considera o estudo de elementos como o atrito e a
força gravitacional. Para a Sociologia e a Filosofia, este corpo é visto sob
várias perspectivas: corpo explorado pelo trabalho, corpo esculpido pela
atividade física planejada e corpo como produtor de símbolos, movimentos e
costumes, ou seja, como produtor de cultura e comunicação. Além disso, este
corpo carrega consigo um processo histórico que o coloca sob diversas formas:
corpo escravizado e trabalhado (Antiguidade Clássica), corpo reprimido (Período
Medieval), corpo “emancipado” e detentor de direitos enquanto forma concreta de
um sujeito (Período Moderno) e corpo atual, (modelável e fluido através das
redes sociais). Este corpo é geograficamente localizado, focalizado em relação
a sua identificação com os outros corpos e sua interação com o meio ambiente,
dentro de um processo em que este modifica o cenário e ao mesmo tempo sofre
modificações em si mesmo. No entanto, ele é capaz de romper através do uso da
tecnologia as noções de tempo e lugar, se conectando de maneira instantânea e
global, vivenciando através de um computador, diversas experiências culturais e
de consumo. Cabe lembrar que o corpo foi também retratado pela arte, acompanhando
tendências que vão desde o corpo nu, em sua forma e exuberância, ao corpo
coberto; do corpo generoso nas formas ao corpo magro e definido nas formas; do
corpo com pinturas e enfeites ao corpo sem adereços. Contudo, temos ainda o
corpo retratado pela literatura, através dos relatos dos cronistas viajantes;
através do barroco com sua forte oposição entre bem e mal; do romantismo com
suas ideologias e do realismo com seu psicologismo, além das formas literárias
modernas que veem o corpo em suas particularidades regionais e suas formas
diversas.
Todo este caminho foi feito para que se cumpra justamente o objetivo de
mostrar dentro do rol de disciplinas que compõem o currículo indicado para os
alunos do Ensino Fundamental e Médio, que o ser humano pode ser estudado
enquanto corpo que consome e está conectado com o mundo e a sociedade, agindo
também como portador de uma cultura e visão política. Cabe aqui o
esclarecimento de que os conteúdos serão contextualizados na medida em que os
temas aparecem como passíveis de conexão com a realidade dos alunos sem maiores
problemas. Neste sentido, é evidente a
contribuição das diversas disciplinas mencionadas no que tange à compreensão
das práticas sociais cotidianas e a preparação básica para o trabalho, ou
ainda, para o desenvolvimento de uma sensibilidade para com a vida, o que deve
ser prática consciente de um cidadão responsável. Este ponto é ratificado pela
LDB, que em seus artigos 32 e 36, estabelece que o Ensino Fundamental,
obrigatório e com duração de 9 anos, deve ser gratuito na escola pública e terá
por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: “o desenvolvimento da
capacidade de aprender por meio da leitura, da escrita e do cálculo; da
compreensão do ambiente natural e social; da aquisição de habilidades e
valores, e do fortalecimento dos vínculos com a família e os laços de
solidariedade humana e tolerância recíproca”. Posteriormente, no Ensino Médio,
o educando deve demonstrar maior aprofundamento e domínio dos conhecimentos
necessários ao exercício da cidadania em todos os seus aspectos, aperfeiçoando
o que foi obtido no Ensino Fundamental e acrescentando a sua experiência
educacional as novas disciplinas que aparecerem. Também a Resolução MEC/CNE nº
3/98, em seu artigo 10, inciso i, parágrafo 2º, diz que “as propostas
pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento interdisciplinar e
contextualizado necessários ao exercício da cidadania”; por fim, podemos
acrescentar ainda os PCNs (Ensino Médio, volume 4, na página 11) salientando
que “o objetivo foi afirmar que os conhecimentos das disciplinas são
indispensáveis à formação básica do cidadão, seja no que diz respeito aos
principais conceitos e métodos com que operam, seja no que diz respeito a
situações concretas do cotidiano social”.
Deste modo fica clara a importância do projeto e sua pertinência
enquanto meio para estabelecer uma relação de ensino/aprendizagem
contextualizada, produtiva e capaz de promover uma consciência cidadã sobre a
importância do ser humano em todos os seus aspectos, além de integrar por meio
de atividades dentro e fora da sala de aula a realidade do aluno com os
métodos, conceitos, regras e teorias de cada ciência.
2 OBJETIVOS
Geral:
Desenvolver de forma interdisciplinar estudos sobre o ser humano, tendo
como referência as atividades físicas cotidianas, as formas de comunicação e
produção cultural, bem como os processos de formação da consciência política e
da responsabilidade com o meio ambiente.
Específicos:
a) Promover o estudo do ser humano
por meio da integração entre as ciências;
b) estudar o processo biológico de formação
e desenvolvimento do corpo;
c) estudar as reações químicas
produzidas pelo corpo em relação às ações efetuadas;
d) estudar através da cinemática e da
mecânica o papel da Física na vida das pessoas;
e) estudar os temas do trabalho, da
cultura-política e do consumo na Sociologia;
f) estudar os temas da estética, do
espaço público e da ação comunicativa na Filosofia;
g) estudar a história humana e sua relação
com a cultura, a política e a natureza;
h) estudar a relação entre ambiente,
território e identidade cultural na Geografia;
i) estudar as formas de
expressão do corpo pela arte incluindo a linguagem corporal;
j) estudar a relação entre
linguagem, estilo literário e realidade social;
k) estudar a importância das atividades
físicas para o bem estar do indivíduo;
l) estudar as contribuições da
matemática para cotidiano das pessoas.
3 JUSTIFICATIVA
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio - Parecer CEB/CNB nº. 15/98, instituídas pela Resolução MEC/CNE nº. 4/98,
entre outras disposições, determinam que os currículos devem se organizar em
áreas. Neste sentido, “a base nacional comum dos currículos será organizada em
áreas de conhecimento”, estruturadas pelos princípios pedagógicos da
interdisciplinaridade, da contextualização, da identidade, da diversidade e da
autonomia, redefinindo, de modo radical, a forma como têm sido realizadas a
seleção, a organização de conteúdos e a definição de metodologias. Cabe
salientar que os documentos mencionados acima orientam as ações tanto para o
ensino fundamental como para o ensino médio. Desta forma, o Projeto Interdisciplinar Construindo Saberes visa contribuir para a consolidação deste principio
pedagógico, buscando novas estratégias para o desenvolvimento da relação
ensino/aprendizagem nos ambientes internos e externos a escola.
As áreas curriculares: Linguagens e Códigos e suas
tecnologias, Ciências da Natureza e Matemática e suas tecnologias e Ciências
Humanas, Filosofia e suas tecnologias serão trabalhadas neste projeto tendo
como parâmetro um eixo articulador, a saber, a interdisciplinaridade. Para
melhor compreensão desta é preciso entender que as disciplinas escolares
resultam de recortes e seleções arbitrários, historicamente constituídos,
expressões de interesses e relações de poder que ressaltam ou ocultam conflitos
entre os saberes. Por esse motivo um projeto que visa o desenvolvimento das
conexões entre as disciplinas escolares deve ser visto com bons e atentos
olhos, na medida em que atribui para si a tentativa de romper com a separação
arbitrária das ciências ao mesmo tempo em que se responsabiliza pelas conexões
feitas, buscando assim aprofundar o conhecimento em relação aos eixos temáticos
a serem trabalhados no decorrer do ano de 2012. E mais: alguns campos de saber
são privilegiados pelo senso comum em sua representação, como disciplinas
escolares com “maior” importância. Historicamente, sua valorização vem do
argumento de que estas se mostram mais úteis para resolver os problemas do dia
a dia, posicionamento que não leva em conta que a forma de abordagem das
disciplinas num currículo escolar é em si mesma, indicadora de uma função
pedagógica, propiciando ao aluno a construção de um conhecimento significativo,
quanto à compreensão dos fenômenos naturais, sociais e culturais. O
desenvolvimento das ciências e os avanços da tecnologia, no século XX,
constataram que o sujeito pesquisador, orientado pelas contribuições dos
diversos saberes, interfere melhor no objeto pesquisado, sabendo que não há
neutralidade no conhecimento e que a consciência da realidade se constrói num
processo de interpenetração dos diferentes campos do saber.
Ao sistematizar o ensino, os currículos escolares
não anulam a fragmentação dos saberes o que provoca em muitos alunos a sensação
de que não existe colaboração entre as disciplinas escolares. É importante
deixar claro que ao adotar a interdisciplinaridade como metodologia no
desenvolvimento deste projeto, não estamos fazendo apologia ao abandono das
disciplinas, nem supondo para o professor uma “pluri-especialização”, bem
difícil de se imaginar, além de resultar em numa possível superficialidade. O
que propomos é uma maior consciência da realidade, fazendo com que esta possa
ser vista, entendida e descrita por meio da confrontação de diversos olhares,
que são plurais na observação das situações de aprendizagem. Daí a necessidade
de um trabalho em equipe realmente pluridisciplinar.
Além disso, a contextualização, outro princípio
pedagógico que rege a articulação das disciplinas escolares, não deve ser
entendida como uma proposta redutora do processo ensino/aprendizagem,
circunscrevendo-o ao que está no redor imediato do aluno, suas experiências e
vivências. Um trabalho contextualizado parte do saber dos alunos, vistos como
sujeitos reflexivos, para desenvolver assim competências que venham a ampliar
este saber particular, formando um saber que situe os alunos num campo mais
amplo de conhecimentos, de modo que possam efetivamente se integrar na
sociedade, atuando, interagindo e interferindo sobre ela.
Esses pressupostos justificam e esclarecem a opção
por um projeto interdisciplinar, que congrega as disciplinas escolares,
tornando-as capazes, portanto, de estabelecer entre si um diálogo produtivo do
ponto de vista do trabalho pedagógico.
4 METODOLOGIA
Os aspectos metodológicos que envolvem este projeto foram divididos em
duas partes. A primeira parte diz respeito à forma como os professores
coordenadores de turma colocarão em operação a conexão entre os eixos temáticos
do projeto e o conteúdo de suas disciplinas, isso na forma de atividades dentro
e fora da sala de aula. Em relação a este ponto, sugerimos os seguintes passos:
a) Divulgação do projeto para os alunos observando a
adequação dos conteúdos de cada nível educacional e ano, dentro dos eixos
temáticos;
b) Definição das atividades que podem ser feitas dentro e
fora da sala de aula com referência ao eixo temático, na forma de preparação
para a sua culminância;
c) Uso de materiais para a construção de painéis, banners e
cartazes, apresentações em Power Point, exibição documentários, fotos, coleta
de dados e pesquisas de campo feitas pelos alunos, além de peças teatrais,
recitais, danças e demais atividades corporais e culturais que desenvolvam os
eixos temáticos;
d) Trabalhar para que os eixos temáticos não fiquem
absolutamente isolados, sendo abordados única e exclusivamente em seu tempo
próprio;
e) Divulgar em forma de apresentação o resultado daquilo que foi
trabalhado dentro do eixo temático, ou mesmo apresentar algo específico para o
momento da culminância.
A segunda parte da metodologia diz respeito á culminância dos eixos
trabalhados, ou seja, de como será feita a apresentação do que foi produzido.
Coloca-se aqui um espaço para que cada ciência dentro da sua área e respeitando
o eixo temático sem isolá-lo, desenvolva explorando suas particularidades e
seus próprios métodos os temas propostos. Caberá por sua vez a escola ou equipe
de desenvolvimento do projeto, estabelecer o critério de apresentação das
atividades (por nível de ensino e ano), tendo o cuidado de contemplar com
igualdade de tempo as apresentações, abrindo exceção para os casos específicos.
Salientamos ainda que a execução do projeto e conseqüentemente sua culminância
dependem da participação conjunta entre alunos e professores. Com isso abre-se
a oportunidade para o desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem que
extrapola o contato fechado na sala e abre possibilidades para interações entre
a comunidade escolar e o meio social.
5 AVALIAÇÃO
Os alunos serão avaliados através de uma ficha de acompanhamento que
ficará sob a responsabilidade de cada professor coordenador de turma. Esta
ficha contém os critérios de pontuação referentes à avaliação das atividades.
Segue abaixo a lista de critérios da ficha de acompanhamento:
1º. Assiduidade
2º. Participação
3º. Criatividade
4º. Comportamento
5º. Produção do conhecimento
Abaixo temos o quadro de pontuação geral, por critério e a definição das
premiações:
Eixos
|
Pontuação geral
|
Pontuação máxima por critério
|
Premiações
|
1º
|
De 0 a 10,0
|
2,0
|
Ao
final do ano letivo as turmas que apresentarem os melhores rendimentos de
acordo com as 3 melhores médias terão como premiação a entrega de placas para
os alunos além de um passeio.
|
2º
|
De 0 a 7,5
|
1,5
|
|
3º
|
De 0 a 7,5
|
1,5
|
Obs. Caso nenhuma equipe consiga alcançar os 10,00 na média,
considera-se como referência a média mais alta.
6 CRONOGRAMA
Cada eixo terá seu período de duração que compreende os debates e
atividades com a turma e uma data específica para a culminância, conforme o
quadro abaixo:
Eixo
|
Período de duração
|
Data da culminância
|
1º
|
De 02/05 a 14/07/2012
|
14/07/2012
|
2º
|
De 15/07 a 10/11/2012
|
10/11/2012
|
3º
|
De 11/11 a 19/01/2013
|
19/01/2013
|
Além
disso, cada um dos eixos terá um período de dois dias para a preparação e o
desenvolvimento da culminância, seguindo a seguinte ordem:
1º dia - Arrumação da escola e das salas
|
2º dia - Exposição do que foi trabalhado em sala
e apresentações.
|
Na sexta-feira.
|
No sábado (das 08:00 ás 16:00)
|
REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei 9.394, de 24 de dezembro de 1996. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil. Brasília: DF, 1996.
_______. MEC. CNE/CEB. Resolução nº 3, de 26 de junho de 1998. Institui
as Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino médio. Brasília: DF,
1998.
_______. MEC. CNE/CEB. Resolução nº 4, de 29 de janeiro de 1998. Institui
as Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino fundamental. Brasília:
DF, 1998.
_______. MEC. CNE/CEB. Resolução nº 15, de 01 de junho de 1998. Propostas
de regulamentação da base curricular nacional e de organização do ensino médio.
Brasília: DF, 1998.
_______. MEC. SEF. Parâmetros
curriculares nacionais. Brasília: DF,
1997.
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